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Newsletter – 03 de setembro 2024

Trabalho em pauta: Eficácia inibitória de tripeptídeos na atividade semelhante à tripsina em lagartas de soja Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Erebidae) com disbiose

Autora: Halina Schultz, Yaremis Meriño-Cabrera, Lenise Silva Carneiro, Rafael Junior de Andrade, João Aguilar, José Severiche-Castro, Humberto de Oliveira Ramos, José Eduardo Serrão, Maria Goreti de Almeida Oliveira.

Anticarsia gemmatalis (Hübner,1818) (Lepidoptera: Erebidae) é um inseto que causa  danos às plantas hospedeiras, sendo uma das principais pragas desfolhadoras da soja. O controle dessa praga é importante para reduzir os danos econômicos que sua presença pode trazer à economia. No presente estudo, buscou-se elucidar o impacto da disbiose, induzida pela exposição ao antibiótico tetraciclina (TCN), em A. gemmatalis  na presença ou ausência dos inibidores de protease GORE1 e GORE2. Cada um desses peptídeos contém três resíduos de  aminoácidos .

O uso de inibidores de proteases tem se mostrado viável para o controle de pragas agrícolas. A estrutura do trato digestivo dos lepidópteros se difere entre várias outras ordens de insetos. Na ordem Lepidoptera, os filos bacterianos apresentam diversidade relativamente baixa. Em uma revisão de 2018, Voirol et al. destacou gêneros prevalentes dentro de Lepidoptera, nomeadamente Pseudomonas, Bacillus, Staphylococcus, Enterobacter e Enterococcus , intimamente associados à desintoxicação de diversos agentes xenobióticos. Além disso, Visôtto et al. (2009b) caracterizaram e identificaram bactérias proteolíticas residentes no trato digestivo de A. gemmatalis , observando que Bacillus spp , Enterococcus spp e Staphylococcus spp são capazes de sintetizar proteases. A sua investigação revelou que as proteases presentes no intestino médio de A. gemmatalis provêm tanto das próprias lagartas como da microbiota intestinal.

Nesse sentido, este estudo busca estabelecer a eficácia bioinsecticida de tripéptidos contra A. gemmatalis, ao mesmo tempo em que investiga o impacto das comunidades microbianas no trato digestivo dos insetos no manejo de pragas. Usando uma investigação abrangente com  análises de atividade enzimática, observações histológicas e taxas de sobrevivência de A. gemmatalis.

O experimento foi desenhado para avaliar a atividade inibitória dos tripeptídeos quanto ao comprometimento ou não da microbiota intestinal.De acordo com os resultados experimentais houve redução na afinidade da tripsina-like pelo substrato L-BApNA, indicando que aconteceu inibição enzimática decorrente do uso dos tripeptídeos.

Os insetos apresentaram uma taxa de sobrevida de 46.6% em relação ao  peptídeo GORE1,e de 60% em relação ao GORE2.Os parâmetros biológicos para o período larval, e peso das pupas foram significativamente diferentes entre as larvas sobreviventes dos tratamentos. Houve redução no período larval dos insetos expostos a dieta contendo tetraciclina.Quando submetidas  a tratamentos envolvendo o antibiótico tetraciclina, os peptídeos GORE1 e GORE2, e  a combinação do antibiótico e dos peptídeos, nenhuma alteração considerável foi vista na integridade estrutural do epitélio, na morfologia celular ou na configuração das microvilosidades.

O presente estudo demonstrou  mudanças notáveis ​​na degradação de proteínas, particularmente evidentes na afinidade alterada de enzimas semelhantes à tripsina de A. gemmatalis quando submetidas a TCN e nos efeitos inibitórios dos peptídeos GORE1 e GORE2. Além disso, o estudo  ressalta  a eficácia potencial da integração dos peptídeos tripeptídeos para o manejo de A. gemmatalis. Alterações morfológicas observadas nas células do intestino médio, possivelmente decorrentes da expressão retardada de proteases. Esta mudança morfológica parece impedir a nutrição e sobrevivência da praga, posicionando estes tripéptidos como uma ferramenta promissora para enfrentar os desafios colocados por esta praga da soja.

Confira o trabalho completo em: https://doi.org/10.1007/s12600-024-01125-x

Resumo por: Geisiane Aparecida Mariano

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